“Não haverá agricultura familiar forte, estruturada e produzindo se não houver apoio”
09 de julho de 2020

Entrou em vigor neste mês de julho o Plano Safra 2020/2021, que prevê investimentos na casa dos R$ 33 bilhões para a agricultura familiar no Brasil, dois bilhões a mais que no último período. “É um aumento relevante e a nossa expectativa é que esse valor fortaleça ainda mais o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf”, avaliou o presidente da Cresol Confederação, Cledir Magri em entrevista à Unicafes Nacional.

De acordo com ele, o aumento nos investimentos para a agricultura familiar veio em boa hora, uma vez que, em janeiro deste ano, “já se identificava uma escassez de recursos do Plano Safra do período anterior (2019/2020)”. No total, o Plano Safra deste ano terá disponível mais de R$ 236 bilhões para financiamentos agropecuários.

Além do aumento no quantitativo para a agricultura familiar, houve também a redução de juros para o setor da agricultura familiar. Se antes os juros para as linhas de financiamento voltados à agricultores familiares era de 3%, agora, as taxas ficam em 2,75%. “Reduzir a taxa de juros é sempre importante para o nosso agricultor. Isso porque tem impacto direto no custo da produção”, explicou.

Questionado se o montante de recursos destinados à agricultura familiar é suficiente para suprir as demandas do setor, Cledir acredita que, do ponto de vista do custeio, os agricultores não encontrem dificuldades, uma vez que, segundo ele, “o governo está preparado e sensível a dar aporte complementar de recursos, caso seja necessário”.

O presidente da Cresol Confederação ainda destacou que o Plano Safra deste ano trouxe elementos importantes como uma maior preocupação por parte do governo em dar um tratamento específico para a agricultura familiar. Cledir Magri elencou três aspectos fundamentais: a extensão rural por meio de ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural), a comercialização e a linha de crédito. Para ele, a interlocução dessas três vertentes é fundamental para o sucesso da agricultura familiar. “As linhas de crédito estão associadas a outros dois temas fundamentais que são a extensão rural e a comercialização”, pontuou.

Além disso, um grande diferencial do Plano Safra é a destinação de investimentos para reformas ou construções de casas para famílias de agricultores familiares. “Esse fator foi muito positivo porque temos uma demanda reprimida de casas nessas áreas rurais”. Cledir explicou que filhos de agricultores, por exemplo, também podem acessar recursos para financiar a construção de suas casas na mesma propriedade dos pais. A medida, para ele, teve sensibilidade para um tema tão importante para as famílias que é a sucessão rural. “A Cresol ajudou a realizar o sonho de mais de duas mil famílias de agricultores familiares que construíram ou reformaram as suas casas com os recursos do Plano Safra do ano passado”, comemorou.

Todos esses avanços em prol da agricultura familiar como linhas de crédito, assistência técnica, extensão e sucessão rural são pautas defendidas pela Unicafes Nacional que, segundo Cledir, desempenha um importante papel no pensar a agricultura familiar do presente e do futuro. “Primeiro porque articula vários ramos do cooperativismo e, com isso, consegue um protagonismo de poucos. A Unicafes consegue, por exemplo, articular e dar suporte a pequenas cooperativas a partir de uma grande rede de desenvolvimento”, observou.

Cledir Magri ainda falou sobre algumas estratégias que podem ajudar a alavancar a agricultura familiar no Brasil. Para ele, “não haverá agricultura forte, estruturada e produzindo sem o apoio de políticas públicas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e seguros agrícolas que possam dar segurança e tranquilidade para os produtores”.

De acordo com ele, não há como pensar a agricultura familiar sem pensar uma assistência técnica efetiva que dê suporte para os agricultores e agricultoras familiares. O presidente da Cresol Confederação lembrou que uma propriedade rural é uma pequena empresa e que se os agricultores e agricultoras não tiverem um preparo mínimo de gestão, o negócio da família pode ficar fragilizado.

“A tecnologia está batendo à nossa porta. Pensar o futuro é pensar de forma conectada a partir da lógica da assistência técnica”. Além disso, Cledir não enxerga um futuro para a agricultura familiar sem sustentabilidade. “Para termos uma agricultura mais sustentável, sem dúvida, precisamos produzir com menos veneno. Precisamos produzir alimentos mais saudáveis. Isso não faz bem somente para quem consome, mas também para quem produz. Pensar no futuro nos impõe esse desafio”, finalizou.

Fonte: Ascom Unicafes Nacional
 
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