Centenas de caixas de verduras são entregues todo dia para venda em três mercados de Campo Grande (MS) por assentados do Projeto de Assentamento Eldorado II, do município de Sidrolândia (MS). Os produtos, que têm boa aceitação dos comerciantes da capital, são fruto do trabalho de um grupo de 35 famílias que se juntaram para poder viabilizar a comercialização no principal centro consumidor do estado. “São, por exemplo, alfaces verdinhas, viçosas, macias e suculentas, melhores do que as que chegam de outros estados”, garante o titular do lote 372, Erson Vital de Oliveira.

O assentado Erson é um dos fornecedores do Ceasa Campo Grande, porque tem transporte próprio. Quem ainda não tem meios para transportar sua produção, está agindo como os moradores do Eldorado II, parte do Complexo Eldorado onde vivem também famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Federação dos Trabalhadores na Agricultura e Pecuária (Fetagri), e Federação da Agricultura Familiar (FAF). Organizados por espécies de produção, eles conseguem oferecer produtos em quantidade, variedade e qualidade, bem como regularidade na entrega, a diversos estabelecimentos comerciais da capital de Mato Grosso do Sul.

Apenas de alface, o grupo do Eldorado II, vende três mil pés (150 caixas) por dia. Somam-se a essa foliácea, mais 30 caixas de maxixe, 20 de pimentão, oito de chicória, 40 de pepino, seis de jiló, 15 de abobrinha, oito de quiabo, além de 900 maços de couve, 250 de rúcula, 500 de cebolinha e 200 de coentro. Valmir Roque da Silva, que lidera o grupo, afirma que ninguém tira menos de R$ 2.500 por mês. “Tem gente que tira até R$ 8 mil”, garante o assentado. “Digo pros meus parceiros aqui do Eldorado que eu não entrei na reforma agrária para ganhar um ou dois mil reais. Quero chegar a 30, 40 mil reais por mês e acho que é possível.”

O assentado já está mirando outro importante mercado consumidor do estado. “Estamos nos organizando para fornecer para os restaurantes de Bonito - principal endereço turístico de Mato Grosso do Sul, com mais de 100 hotéis e pousadas. Devemos adquirir um outro caminhão para dar conta do transporte. É uma cidade turística, com muitos restaurantes, hotéis, pousadas, com um movimento constante de visitantes. Eu acredito que é um dos melhores mercados do gênero.”

O técnico da Associação Crescer - empresa de Assistência Ambiental, Social e Rural, que presta serviços ao Incra/MS -, Hélio Nantes Baez, afirma que o sucesso do grupo pode ser atribuído à adesão às orientações da assistência técnica e aos recursos do Pronaf. “O pessoal do Valmir está indo muito bem, mas outros grupos assistidos pela Crescer estão no mesmo caminho. O objetivo maior dos assentados do Eldorado é produzir o bastante para poder abastecer os boxes do Ceasa Campo Grande”, afirma o técnico.

Para o superintendente do Incra/MS, Celso Cestari Pinheiro, os assentamentos do estado estão sendo trabalhados para reduzir a dependência de importação de frutas, verduras, e legumes. “O Incra em Mato Grosso do Sul está massificando o acesso à assistência técnica e viabilizando ao máximo a liberação de DAPs (Declaração de Aptidão ao Pronaf), documento que garante ao assentado acessar recursos para sua produção junto ao Banco do Brasil”, disse.

Segundo dados apurados pelos técnicos do governo do estado, o Mato Grosso do Sul importa 85% de hortaliças, frutas e legumes, principalmente dos estados de São Paulo e Paraná.

Fonte: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária