Lideranças cooperativistas do Mercosul constroem carta internacional para Agricultura Familiar na área de Gênero e Geração
24 de outubro de 2018

* Por Marcia Raquel e Indianara Paes

Um documento contendo as propostas de mulheres e jovens cooperativistas, sistematizando pautas e estratégias desenvolvidas pelas Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária no Brasil, com reconhecimento e participação de países participantes da REAF(Reunião Especializada da Agricultura Familiar). Essa é a “Carta de Medianeira”, resultado do 1º Seminário Internacional de Gênero e Geração, realizado pela Unicafes Paraná, em parceria com a Cresol e REAF.

Há nove anos a Unicafes realiza o Encontro Interestadual da Mulher Rural e há cinco anos o Encontro Estadual da Juventude. Neste ano, além Seminário Internacional, outras novidades foram incorporadas ao evento: o 1º Encontro da Terceira Idade e o 1º Acampamento da Juventude Cooperativista.

“Todos os anos é um evento grandioso. Avalio a construção da Carta como muito positiva. Este documento está trazendo todos os nossos anseios e todas as nossas necessidades enquanto mulheres e jovens cooperativistas”, avaliou Janete Rottava, representante da Secretaria de Mulheres da Unicafes PR.

Segundo Janete, o documento revela problemas em comum entre os países. Entre os quais, destaca-se a necessidade de empoderamento social e econômico da mulher. “Não é o dinheiro pelo dinheiro, mas o empoderamento econômico nos proporciona autonomia para sairmos de casa e deixar alguém que cuide de nossos filhos, dos nossos pais, da casa. Então isso ficou muito latente. E a falta de espaço que temos dentro do cooperativismo também ficou evidente”, ressaltou.

O presidente da Unicafes Paraná, Ivori Fernandes, destacou a importância do evento para a discussão, interação e troca de experiências para o desenvolvimento do cooperativismo, com atenção especial à sucessão familiar. “Temos várias dificuldades, precisamos trabalhar políticas novas, precisamos encaixar os jovens juntamente com as lideranças. O objetivo é deixar claro que o cooperativismo é a melhor forma de trabalhar a sucessão rural, que é o que vai manter a produção no campo”.

Para Ivori, entre os vários fatores que vão ajudar a manter o jovem no campo, a formação é fundamental. “Não só do jovem, mas da família. Porque às vezes o jovem aprende o novo, mas a família continua acreditando que o antigo é o melhor. O outro desafio é como colocar renda para manter o jovem no campo”, destacou.

Da mesma forma, o presidente da Unicafes Nacional, Vanderley Ziger, afirmou que o mais importante é reconhecer que as cooperativas da Agricultura Familiar e da Economia Solidária tem a missão de fazer a inclusão e compartilhar o conhecimento. “A participação das mulheres e dos jovens no cooperativismo é uma premissa básica para que a cooperativa cumpra sua missão”.  

Segundo Ziger, o que ficou evidente nas discussões, é que as dificuldades do cooperativismo da Agricultura Familiar no Brasil são muito semelhantes às dos países vizinhos da América Latina. “Quando você traz esses países para o debate significa unir as pautas, unir os objetivos e fortalecer uma identidade da mulher rural e da juventude. Precisamos identificar os pontos focais similares e pensar uma agenda em conjunto para propor aos governos uma agenda de política pública voltada para resolver os problemas detectados”.

O Brasil, conforme Ziger, se olhado de uma maneira geral, está um passo à frente de alguns países em alguns temas, como política de crédito, programas relacionados a subsídios na educação, e avanços em políticas públicas. Porém, em alguns países vizinhos, o sistema de cooperativismo é mais evoluído, como é o caso da Colômbia.

Ziger destacou três pontos como fundamentais para a evolução do cooperativismo no Brasil: construção de um novo Marco Regulatório; discutir formação, capacitação; e acesso aos mercados. “A Agricultura Familiar é a única que consegue produzir um produto diferenciado e que tem o consumidor ali do outro lado doido para consumir. Só que aqui no meio tem uma barreira que não conseguimos ultrapassar que é o mercado convencional. Alguns países já ultrapassaram essa barreira e nós teremos que aprender com eles”, observou.  

Além da Colômbia, estiveram presentes representantes do Equador, Chile, Paraguai, Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai. Ao todo, cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria mulheres, participaram dos eventos, realizados no município de Medianeira, região Oeste do Paraná. A programação realizada de 17 a 19 de outubro, também contou com palestras, apresentações culturais regionais e a tradicional feira da Agricultura Familiar com exposição de produtos alimentícios e de artesanato. 

Apoiram o evento a Cresol Baser, REAF, Unicafes Nacional, Coopafi Central, Siscooplaf, Instituto Infocos, Assesoar, Prefeitura Municipal de Medianeira, Itaipu Binacional, MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). 

Confira os álbuns de fotografias dos eventos:

Fonte: Unicafes Paraná
 
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