O Instituto Nacional de colonização e Reforma Agrária (Incra) lançou, no mês de janeiro, a revista Terra da Gente.

A publicação institucional da autarquia responsável pela Reforma Agrária no País abordou como tema a produção agroecológica em assentamentos de todo o Brasil.

A revista aborda experiências em assentamentos de 14 estados de todas as regiões brasileiras.

Levantamento recente do Incra aponta que cerca de 20 mil famílias assentadas da reforma agrária, ocupantes de aproximadamente 700 mil hectares, promovem algum modelo de atividade agroecológica.

Mais do que números, a pesquisa mostra a gradual transição de um modelo de produção tradicional, baseado na utilização de agrotóxico, para um modelo sustentável, ambientalmente responsável e gerador de renda para essas famílias.

São histórias como a do assentado paulista Jessé Jacob Gonçalves, do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Professor Luis Antonio David de Macedo.

Desde novo habituado com a lavoura de tomate e o uso abusivo de agrotóxicos , o assentado desde 2006 na região do Vale do Ribeira, entre Apiaí e Capão Bonito, no Vale do Ribeira, dotou a produção agroecológica e a proposta do assentamento em conciliar produção alimentar e área de preservação.

No assentamento 87% dos 7.626 hectares são áreas de preservação permanente.

"Plantei tomate convencional a minha vida toda. Resolvi mudar porque estava estragando minha saúde. Aqui no assentamento aposto na diversidade de cultivos, inclusive de tomates orgânicos durante o verão" , explicou Jessé, que reitera que as 80 famílias que lá vivem estão solicitando a certificação orgânica.

Residência Agrária

A publicação apresenta também o programa Residência Agrária, realizado pelo Incra por meio de seu Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

O programa realiza 35 cursos em 30 instituição federal de ensino superior nos quais 1852 assentados estudam com foco na agroecologia e na educação do campo atingindo a 358 assentamentos em 334 cidades.

O protagonismo dos assentamentos na consolidação da agricultura ecológica está sintonizado com o Plano Brasil Agroecológico, lançado pelo governo federal em outubro de 2013.

O objetivo é articular políticas e ações de incentivo ao cultivo de alimentos orgânicos e de base agroecológica no País aliadas à conservação dos recursos naturais.

Nos assentamentos, a produção de alimentos agroecológicos tem por base a articulação entre famílias assentadas e o Incra.

Por meio de assistência técnica de qualidade, implantação de cursos voltados às práticas agroecológicas e incentivo aos processos simplificados de comercialização, os agricultores da reforma agrária contribuem para o aumento da produção de alimentos livres de agrotóxicos.

Terra Sol

Um dos programas do Incra que incentivam a promoção da transição dos sistemas convencionais para os agroecológicos é o Terra Sol.

Desde sua criação, o programa beneficiou mais de 180 mil famílias assentadas em todas as regiões do País.

Nos últimos cinco anos, foram aplicados mais de R$ 15 milhões em projetos nos assentamentos, a maior parte de beneficiamento e comercialização de produtos orgânicos e de base agroecológica.

Outra iniciativa acontece na região Nordeste, onde uma parceria entre Incra, Fundação Banco do Brasil e Associação de Orientação às Cooperativas do Nordeste implantou 200 unidades de produção agroecológica em assentamentos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e Pernambuco.

O Programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (Pais) é uma tecnologia social que possibilitou a produção de alimentos saudáveis tanto para consumo das famílias quanto para comercialização nas comunidades onde os assentamentos estão localizados.

O resultado deste esforço conjunto entre Incra, organizações governamentais e não governamentais e trabalhadores assentados pode ser visto nesta publicação.

Iniciativas em assentamentos de norte a sul mostram, na prática, uma nova forma de produzir alimentos, com respeito à natureza e ampliação do nível de renda das famílias.

Fonte: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária