Com sede em Coronel Vivida, Cresol União dos Pinhais completa 24 anos de fundação
30 de julho de 2021

Nesta quarta-feira (28), a cooperativa de crédito Cresol completa o seu 24º aniversário de fundação em Coronel Vivida. Essa é a sétima unidade criada dentro do Sistema Cresol, o qual surgiu dois anos antes, em Dois Vizinhos.

 

Em 1995, conforme o primeiro presidente da Cresol de Coronel Vivida, Vanderley Ziger, começou uma discussão no Sudoeste sobre essa implantação, devido à ausência total de crédito para a agricultura familiar. "Os bancos eram seletivos e os pequenos agricultores não tinham onde obter recursos. Com isso, os insumos eram financiados no troca-troca nas empresas. Ou seja, o agricultor buscava os insumos, plantava e devia em sacas de produtos. Sem seguro agrícola e, muitas vezes, sem orientação técnica. Isso quando não pagava o dobro do valor dos insumos, porque tinha inflação", relembra.

 

Ele conta que foi um período bem delicado, uma vez que pouco tempo antes foi decretada falência da Capeg, cooperativa de leite em Pato Branco, o que, segundo ele, "interferiu negativamente na imagem das cooperativas". Contudo, mesmo assim, estudou-se essa possibilidade de implantação de cooperativa de crédito na região, como instrumento para organizar as finanças dos agricultores, apoiada, sobretudo, pelo movimento sindical. Para isso, segundo ele, foi essencial a contribuição da Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural (Assesoar) de Francisco Beltrão, com trabalhos de projetos sustentáveis.

 

"No ponto de vista econômico, a Cresol nasceu antes mesmo de surgir como entidade em si, pois havia um fundo rotativo [recurso que veio da cooperação alemã chamada Misereor, composta pelas igrejas católica e luterana] para ajudar países de "terceiro mundo", hoje chamados países de desenvolvimento. E a Assesoar tinha uma ponte com essa entidade alemã".

 

Ziger conta que, por meio dessa parceria, em 1989, foi conseguido o montante de U$ 500 mil, que não precisava ser devolvido. "Funcionava da seguinte forma: um grupo pegava emprestado, utilizava o dinheiro e, quando os valores começavam a ser devolvidos, eram então utilizados por um outro grupo, tornando-se assim um círculo virtuoso, e assim foi até o ano de 1995". Dentre os grupos do Sudoeste em que a Assesoar atuava, estavam três situados em Coronel Vivida — nas comunidades de São Sebastião, Cristo Rei e Santa Lúcia —, os quais já acessavam esses recursos que a Assesoar tinha buscado na Alemanha.

 

Com isso, nasceu a ideia de — ao invés de apenas ir utilizando esse recurso — formar algo maior, uma vez que a confiança nesse modelo havia crescido, pelo fato de todos serem envolvidos. Ou seja, se um não pagasse, todos ajudariam a arcar com a operação.

 

Caminhada

A primeira cooperativa Cresol foi instalada em Dois Vizinhos, seguidas por Capanema, Marmeleiro, Laranjeiras do Sul e Pinhão — essas primeiras foram constituídas todas no mesmo ano. Turvo foi a sexta, constituída em 1997. Logo em seguida, conforme Ziger, foi criada em Francisco Beltrão [na sede da Assesoar] a Base de Serviços (Baser), núcleo que prestava serviços para essas cooperativas, como contabilidade, entre outros.

 

Coronel Vivida

Com isso, fortaleceu em Coronel Vivida o debate sobre a criação de uma cooperativa no município. Segundo Ziger, na época o movimento contou com o apoio do então secretário municipal de Agricultura, Olivo Dambrós; do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Noelcy Brustolin; bem como da Casa Familiar Rural (CFR), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural.

 

Ainda, das 52 associações existentes naquele tempo e da Central de Associações [presidida a princípio por Raul Rosa e, posteriormente, por Antônio Deitos]. "Antônio Deitos e eu fomos então conhecer a Cresol, saber como funcionava. E, após várias reuniões, constituímos a cooperativa em Coronel Vivida; a sétima dentro do Sistema Cresol".

 

"A cota inicial para cada sócio era dez sacas de milho. Ninguém ficava devendo em dinheiro, porque com àquela inflação sem condições. Assim, quando cada um vendia o milho valia pela cotação do momento, sem risco de perdas", lembra Ziger. Ele informa que a discussão para implantação em Coronel Vivida começou no início de 1997; enquanto que, no dia 27 de julho de 1997, foi realizada a Assembleia Geral de Constituição da Cooperativa de Crédito Rural em Coronel Vivida, hoje denominada Cresol União dos Pinhais. Já a autorização do Banco Central do Brasil (Bacen) ocorreu em novembro do mesmo ano.

 

Inauguração

No dia 2 de janeiro de 1998, ocorreu a inauguração da agência no município. Foi uma união de esforços para que esse sonho se tornasse realidade. A primeira sala [sete metros, por quatro] foi instalada no Centro Comunitário. O aluguel era isento durante três meses pela Paróquia São Roque. Já o Sindicato dos Trabalhadores Rurais bancou dois salários mínimos durante seis meses, para custear as despesas como luz e informática; enquanto que a prefeitura [que tinha como prefeito Pedro Mezzomo] cedeu uma funcionária, o telefone e isentou a cooperativa de impostos durante um ano; e o Banco do Brasil, que forneceu móveis para a estrutura.

 

"O quadro de colaboradores era formado por uma estagiaria cedida pela prefeitura [que virou caixa] e o presidente. Para atrair mais associados à cooperativa, vieram pessoas de outras cidades, a fim de fazermos mutirões, reunindo agricultores familiares, para explicar com mais detalhes como funcionava a Cresol. E isso deu certo, tanto que nos primeiros seis meses passamos a ter 56 sócios e, ao final de 1998, estávamos com 540 sócios", relembra Ziger.

 

Aliado a isso, ele acrescenta que a cooperativa firmou parceria com o Banco do Brasil, para que algumas operações fossem realizadas pela Cresol. Ainda no primeiro semestre de 1998, foi contratada Iomara Gaeski Ziger, que mais tarde tornou-se presidente em Coronel Vivida. "Com o crescimento da Cresol, foi necessário criar a figura do agente comunitário de desenvolvimento de crédito, liderança que se destacava no grupo da sua comunidade. Todo mês, ele participava de um dia de formação, para depois levar as informações à comunidade, deixando-a a par de toda a situação da cooperativa", diz Ziger, que ficou como presidente durante quatro anos.

 

Em 2002, ele assumiu o cargo de presidente na Baser. Com isso, Iomara assumiu a presidência da cooperativa no município, permanecendo até 2012, quando então assumiu Ivan Duarte [atual presidente]. Em 2013, Ziger tornou-se presidente do Instituto Cresol e, em 2017, passou a fazer parte da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

 

Transformação e projetos

Para Ziger, uma das grandes conquistas da Cresol foi a transformação que ela proporcionou aos agricultores em relação ao desenvolvimento econômico; e, principalmente, o conhecimento que agregou na vida deles sobre o sistema financeiro. Ele também relembra quando foi decidido por realizar a Copa Cresol; evento local, em que eram contratados árbitros de fora, fornecidas as camisas para quem participava e o almoço para confraternizar com as famílias. Já na primeira edição foram 26 times participantes.

 

Além disso, uma das iniciativas da cooperativa, que o emociona até hoje é o Programa de Habitação Rural do Sistema Cre$ol, entre 2004 e 2006, viabilizado com recursos do Governo Federal e da cooperativa. "Na época, o programa não podia ser operado pela cooperativa. Entretanto foi realizado um movimento para que pudesse ser utilizado pela Cresol, e os cooperados conseguisse fazer o financiamento por intermédio da Caixa Econômica Federal".

 

Segundo Ziger, a Cresol contratava os engenheiros e eram disponibilizados cinco modelos de moradias. Alguns componentes podiam ser usados se o agricultor já possuísse, como madeiras, além da mão-de-obra [caso tivesse], desde que obedecendo ao projeto principal.

 

"Foi um grande feito, pois proporcionou para muitos moradores do campo uma casa com mais conforto, melhorando assim sua qualidade de vida", diz, acrescentando que isso surgiu, pois achava muito contraditório que houvessem apenas recursos para melhorias da propriedade; em que, às vezes, as instalações dos animais eram alvenaria e as pessoas moravam em casas de madeira, com frestas enormes.

 

Uma das famílias que conseguiu o financiamento por meio do Programa de Habitação Rural do Sistema Cre$ol foi a família Schuastz, que mora na comunidade de Linha Borges, em Coronel Vivida. Casado com Edelci há 32 anos, Nelson Schuastz conta que naquele tempo trabalhavam com produção de leite e moravam em uma casa antiga de madeira. Em 2005, com o objetivo de realizar o sonho de construir uma nova moradia, ele resolveu buscar o financiamento junto a Cresol. "Sou cooperado desde o início da Cresol em Coronel Vivida. Graças a Deus e a ela, conseguimos construir a nossa casa de 66 metros quadrados. Se não fosse a cooperativa, não teríamos condições", declara, completando que hoje a residência possui 118 metros quadrados.

 

Para Ziger, o projeto Cresol se tornou uma grande conquista para Coronel Vivida, proporcionando mudanças na vida de muitas famílias [como a de Nelson Schuastz] e ajudando no desenvolvimento do município. "A cooperativa sempre busca, a cada dia, uma forma de melhor servir ao município e atender seu cooperado, para que juntos continuemos crescendo".

 

Texto: Paloma Stedile e Jeferson Luis de Sena/Portal Vividense
Fotos: Arquivo/Cresol União dos Pinhais

 
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